No princípio éramos apenas parte de Adão - a Costela.
Talvez porque as Costelas sejam o arcabouço do tórax, que abriga dois
pulmões e um coração, vitais para a sobrevivência, Deus tenha escolhido uma
parte nobre do esqueleto para criar a mulher.
Do barro saímos.
Veio então a possibilidade do estudo. Surge no Brasil, em 1827, a primeira legislação relativa
à educação de mulheres; a lei admitia meninas apenas para as escolas
elementares, não para instituições de ensino mais adiantado. Em 1879 o Governo
Brasileiro abriu as instituições de ensino superior do país às mulheres; mas as
jovens que seguiam esse caminho eram sujeitas a pressões e à desaprovação
social.
Assumimos a posição dos homens nas frentes de batalha do pós-guerra. O
óbito ou a mutilação fizeram com que as mulheres assumissem os negócios, em
busca da sobrevivência da família.
Antes, porém, das frentes de batalha, em 1908 trabalhadoras de uma fábrica têxtil de
Nova York, declararam greve. Para a incineração foi apenas mais um passo. Lutando por uma jornada de
trabalho de 10 horas e direito à licença maternidade, 129 mulheres viraram
cinzas, quando o dono da indústria trancou-as no interior da mesma e mandou
atear fogo, no dia 8 de março.
Mas foi com a possibilidade do voto, que as mulheres foram ganhando mais
força, conquistando o direito de eleger seus governantes. Um direito obtido por meio do Código
Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, mas uma conquista incompleta.,
uma vez que o código permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do
marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar. O voto passou a
ser livre a partir de 1934 e obrigatório em 1946.
Já não nos satisfazia apenas o aprendizado de bordado e culinária, de
puericultura e piano, queríamos mais e fomos para a universidade, optando por
uma carreira profissional, que garantisse a sobrevivência e um pouco mais de
liberdade.
E a presença da mulher nas universidades ganha força no século XX.
Chegamos à engenharia civil, passando pelo direito, economia, medicina e
administração, áreas antes essencialmente destinadas aos homens.
A vida abriu-se num feroz carrossel.
Rapidamente ocupamos os espaços que eram possíveis de serem ocupados.
De repente já éramos não mais apenas o sexo frágil, as parideiras de uma
grande prole, para a qual dedicávamos incansáveis, cada segundo de nossas
vidas. Éramos também cirurgiãs-dentistas, médicas, juízas. Passamos a ter
colocações e vencimentos antes nunca imaginados.
Mas ainda era pouco. Não apenas abandonamos as trincheiras do pós-guerra
e ganhamos a formação profissional, o direito ao voto e a remuneração justa,
mas passamos a caminhar lado a lado com o homem em cenários nunca antes
imaginados – até chegar à Presidência da República, uma realidade no Brasil e
em outros países.
Quando pensamos em Joana D´Arc (ano 1412), Santa Cristina (ano 300), Santa
Apolônia (ano 248), exemplos de mulheres que sofreram torturas até chegar à
morte, por defenderem o direito de expressar suas opiniões, constatamos
efetivamente que o mundo mudou.
Longe de querer transformar este pequeno texto num discurso feminista,
quero sair em defesa da mulher. O pulo do gato da história aí está: apesar de
todos estes avanços, ela continuou mulher.
Ela se perfuma para seu amado, aninha a cria em seu regaço, administra
seu lar com maestria, prepara a refeição e a coloca sobre a mesa e regozija-se
ao ver a família em torno dela reunida para se deliciar, com as crianças
gargalhando, depois da sua jornada de trabalho, de ter cuidado da casa, não
antes de ter choferado as crianças e ter feito as compras do supermercado.
Esta mulher plural, multifacetada, capaz de realizar inúmeras tarefas ao
mesmo tempo, profissional, mãe, esposa, filha, companheira, botão em flor que
brota e desabrocha a cada amanhecer, esta mulher é você!


Nenhum comentário:
Postar um comentário