Ultimamente andar pelas ruas de São Paulo tem me
proporcionado um prazer infinito: mirar as copas dos ipês, repletas de buques
de flores, que enchem meu coração de alegria e esperança – a natureza nos
brinda a cada dia com seus milagres e afetos.
Além das copas, completamente entupidas de flores de cores variadas – amarelo, lilás, roxo, rosa e
branco, o entorno fica absurdamente transformado pela presença deste milagre.
Calçadas e asfalto atapetados e carros adornados, dão às regiões urbanas um ar
bucólico, depois de desabrochados os delicados cálices. Não há como ficar
insensível a este espetáculo que acontece no inverno, emprestando cor à
natureza pálida pela alteração de temperatura e escassez de chuva.
Penso na impressionante capacidade de transformação desta
árvore. No inverno, as suas folhas caem todas e, quando toda a manifestação de
vida nela parece ter ficado impossível, coloridos buques brotam e enfeitam toda
a cidade – espetáculo com prazo de validade de quase dois meses.
Acredito que assim acontece conosco também. Temos várias
florações durante a nossa existência e em seus intervalos, muitas vezes parecem
os sentimentos terem se congelado, dando lugar a uma estagnação infinita, que
imaginamos jamais terminar.
Mas, o milagre que acontece em todas as coisas vivas sobre a
terra, faz brotar dentro de cada ser, a força natural que propulsiona a
floração, e, inesperadamente lá estamos nós, vicejando novamente na paisagem e
podendo oferecer um belo espetáculo – o da vida!
Estamos sempre de malas prontas, quando o assunto é viagem,
mas, o que é a vida, senão uma grande viagem? Qual é a bagagem que você tem
colocado na sua mala? E quais são as cores que a cada floração você oferece ao
seu entorno? Ao contrário da floração do ipê, não temos prazo de validade
anunciado, tendo a vida de ser vivida em toda a sua plenitude, com toda a
vitalidade, como se cada dia fosse único.
É na construção e observância diárias que amealhamos a
bagagem da vida.
Fazemos parte da trama da vida, onde tudo está interligado
entre si e com o Criador.
Não há como separar o ipê de mim e eu do ipê – somos uma
unidade.


Adorei esta reflexão!🌸
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