Segundo o mestre em dentística reparadora Ubiracy Gaião (CROPR 8160), o dente não fica com nenhum tipo de marca após à remoção do adereço, salvo situações em que o paciente não tenha realizado uma escovação adequada, deixando acumular placa dental ao redor do objeto. “Nesta situação haverá desmineralização do esmalte e o aparecimento de manchas na cor branco opaca. Esse quadro poderá evoluir para uma lesão cariosa”, afirma o profissional.
Por ser minimamente invasiva, a aplicação desse tipo de enfeite apresenta vantagens em relação aos piercings geralmente colocados nos lábios e na língua. Segundo presidente da Academia Brasileira de Odontologia Estética, Carlos Loureiro Neto (CROSP 29722), uma perfuração na mucosa pode causar infecções e lesões, muito pela dificuldade em higienizar o local. O piercing colocado na língua, devido ao seu tamanho e formato, pode causar trincas e até mesmo fraturas nos dentes. Já o adereço dental, que é colado e muito pequeno, não traz danos a estruturas bucais e tem a possibilidade de ser removido sem nenhum efeito indesejado.
Piercings não são uma moda atual. Civilizações antigas já usavam diferentes tipos de adereços perfurados, e tais enfeites carregavam uma série de simbolismos culturais. Em sociedades como a egípcia, por exemplo, usar esse tipo de ornamento era sinônimo de status, exclusividade de quem estava no alto da hierarquia. Atualmente, colocar enfeites em diversas partes do corpo também é uma questão cultural, mas voltada principalmente à estética.
A vontade de se destacar faz com que muitas pessoas incrementem seu sorriso. Dentes brancos e alinhados já chamam a atenção, mas, para quem quer ir além, é possível colocar um adereço no dente. Graças aos avanços tecnológicos da odontologia, o enfeite é colado como um bracket, normalmente usado em aparelhos ortodônticos. “O dente é preparado com ácido fosfórico, que causa uma micro desmineralização na região escolhida, para que o adesivo possa aderir ao esmalte. Esse procedimento não causa dor e nem desgasta a estrutura dental. Logo após essa etapa é feita cimentação adesiva e colocada a peça”, explica a dentista Maria Lucia Zarvos Varellis (CROSP 26107), integrante do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo.
Varellis alerta que a técnica deve ser muito bem executada, utilizando a menor quantidade possível de cimento, pois qualquer excesso da substância pode favorecer a retenção de corantes e restos alimentares, causando danos à estrutura dentária. Após colocar o enfeite, que pode ser de material nobre ou bijuteria, é preciso tomar alguns cuidados, como não comer alimentos muito duros (o que pode favorecer seu descolamento) e manter uma ótima higiene bucal.
Piercings tradicionais
Gaião salienta que, ao contrário do enfeite dental, os piercings bucais ou peribucais apresentam um maior risco à saúde, principalmente devido à composição utilizada na confecção dos objetos. “A utilização de materiais não biocompatíveis pode apresentar sinais facilmente diagnosticados como reações alérgicas, dor, e edema, além do risco de infecção do procedimento cirúrgico”, explica.
Varellis destaca a importância de consultar um dentista caso se tenha a vontade de colocar algum enfeite na boca, para receber informações sobre os possíveis danos que o objeto pode causar.
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