sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Santa Cristina de Bolsena


1263.
Itália.
Um padre que viaja de Praga para Roma e que tem dúvidas sobre a verdade da transubstanciação – mudança do pão e vinho em corpo e sangue de Jesus Cristo, faz uma parada em Bolsena na Itália e celebra uma missa na tumba de Santa Cristina.
Nascida na Toscana, próximo do lago de Bolsena em 288 d.C., Cristina morreu com apenas 12 anos no ano 300 d.C., tendo se tornado mártir medieval dos primeiros séculos do Cristianismo
Filha de um rude oficial do exército em Tiro, na Etrúria, Cristina perguntava-se qual o motivo da serenidade e alegria dos cristãos que eram submetidos a interrogatórios humilhantes por seu pai. Ela passou a admirar e venera-los e foi assim que Cristina converteu-se ao Cristianismo, tendo sido batizada por uma escrava.
Ao negar-se a abjurar a sua fé cristã, o pai ordenou várias formas de tortura como forma de persuasção, mas ela foi salva, segundo a história, por anjos.  A menina sucumbiu quando sua vida foi tirada por flechas disparadas contra ela. Cristina dizia que “deixar a vida não me custa; abandonar minha fé, isto nunca".

Celebrando então, a Santa Missa na tumba de Santa Cristina, no momento em que o sacerdote consagrava a hóstia, o sangue escorreu da mesma e banhou  o corporal e os linhos litúrgicos.
Impressionado, o padre correu até Orvieto, onde vivia o Papa Urbano IV, para narrar o que havia acontecido. O papa enviou o Bispo Giácomo a Bolsena, para que  certificasse o ocorrido e trouxesse o linho sujo de sangue. Tendo confirmado o milagre eucarístico do corporal ensanguentado, Urbano IV publicou a bula “Transiturus”, em 11 de agosto de 1264, instituindo a solenidade do Corpo de Deus,em resposta aos Patarinis que negavam o sacramento da Eucaristia.
Algumas semanas antes, no dia  19 de julho, o Papa, alguns sacerdotes e uma multidão de fiéis fizeram uma solene procissão pelas ruas da cidade. Esta foi a primeira procissão  da festa de Corpus Christis,  uma festa instituída para adorar, louvar e agradecer publicamente ao Senhor, que “no Sacramento Eucarístico continua a amar-nos até o fim, até a doação do Seu Corpo e do Seu Sangue”.
O milagre eucarístico do corporal ensanguentado ainda hoje se conserva na Sé de Orvieto.
Desde então, todos os anos na cidade, um domingo depois da solenidade de Corpus Christi, a procissão segue pelas ruas principais com o corporal do Milagre levado dentro de um precioso relicário conduzido por 400 figurantes vestidos tradicionalmente da época.
Assim, escreveu-se mais um capítulo da história.
De um lado Santa Cristina com seu entusiamo pela fé cristã que entregou-se de corpo e alma àquilo que acreditava.
Por outro o sacerdote que celebrou a missa em Bolsena, cuja dúvida permitiu ao mundo conhecer o milagre eucarístico para reafirmar a fé cristã.
Dúvida e  crença trouxeram ao mundo um momento sagrado.
Isso comprova que todos os sentimentos são importantes na construção de uma história, de uma época, do próprio mundo.
Dualidade e  ambivalência permitem a diversidade, enriquecem a existência, levam-nos à reflexão.
Portanto lembre-se que se o momento é de dúvida, de fé, de pressão, de provação,  permita-se, acredite e entregue-se a esta experiência, por mais difícil que ela seja.
Tenha sempre em mente que jamais está sozinho, que há um plano maior que a tudo rege e que suas experiências pessoais repercutem no todo, proporcionando a mudança e a construção de uma nova história.
A cada dia somos presenteados com o milagre da vida e com TODAS as possibilidades nela contidas. Disse o autor que o “extraordinário reside nas coisas comuns”.
Por vezes esperamoso por um grande momento, por uma grande emoção, por um fato inédito, mas é na rotina do cotidiano que se esconde o grande milagre da vida.
E para finalizar, vou citar Chaplin, que numa de suas célebres citações nos ensina que “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”











Fontes pesquisadas:

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